terça-feira, 31 de março de 2009

A derrota de Elisa Ferreira


Pode ser que me engane, mas parece-me que Elisa Ferreira já perdeu a corrida à presidência da Câmara Municipal do Porto.
Por três razões: o corte afectivo na ligação que mantinha com a cidade devido a cinco anos de Parlamento Europeu; o verdadeiro «saco de gatos» que é o PS/Porto; e a boa imagem que, apesar de tudo e vá-se lá saber por quê, Rui Rio mantém entre os eleitores portuenses.
Vamos por partes. Elisa Ferreira foi sempre uma referência da cidade do Porto, sobretudo nos tempos em que pertenceu ao Governo, mas está há cinco anos em Bruxelas e já poucos se lembrarão dela. Ainda por cima, no momento em que concorre à Câmara do Porto, não abdica de se manter nas listas para o Parlamento Europeu.
Depois, o PS/Porto. Com amigos assim, Elisa Ferreira não precisa de inimigos. O «saco de gatos» que é a concelhia da Invicta não lhe perdoa o facto de ser independente e de ter sido imposta pelo primeiro-ministro. Foi revelador o episódio da reunião realizada há algumas semanas e da azeda troca de palavras entre a candidata e o líder da concelhia, Orlando Soares Gaspar. No dia seguinte, tudo estava na imprensa.
Por fim, Rui Rio. A verdade é que, por muito que nos custe, o Presidente da Câmara mantém uma boa imagem junto do eleitorado. Em 2001, devido ao inefável Nuno Cardoso, o PS deixou a cidade num caos, completamente esventrada e numa situação económica dramática. Rui Rio pôs a casa em ordem e pouco mais fez, para além de afrontar o FC do Porto, mas parece ter sido o suficiente para garantir um inestimável capital de confiança. Tão grande que nem precisa de falar ou de aparecer, como refere o José Freitas aqui em baixo.
Elisa Ferreira daria uma boa Presidente da Câmara. Dentro do PS, não vejo melhor. Mostrou ser eficiente no Ministério do Ambiente, onde teve de lidar com questões sensíveis e com um certo galispo, seu Secretário de Estado, que já então procurava dar nas vistas.
Infelizmente, chega no momento errado, depois de duas candidaturas socialistas falhadas, uma protagonizada por Fernando Gomes, que perdeu como castigo por se ter ido embora a meio do mandato; e uma outra, protagonizada por Francisco Assis e à qual só por grande favor se poderá chamar candidatura a sério.
A seu lado, na apresentação da candidatura, vimos gente que nada diz ao Porto, como José Sócrates e Mário Soares, e outras pessoas que não lhe valerão nem mais um voto, como Fernando Gomes, Pinto da Costa ou Rui Veloso. O certo é que o primeiro-ministro está a apostar forte na candidata. Mas é também por sua culpa que Elisa Ferreira vai perder.

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