quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Banco Alimentar Parlamento


É já no próximo Sábado. Iniciativa Aventar.

quarta-feira, 3 de março de 2010

sábado, 20 de fevereiro de 2010

O cabrão da Marmeleira

É curioso como aqueles blogues, que tanto clamam contra os insultos e as difamações, são os primeiros a permitir a publicação de coisas destas. Enchem a boca de moralidade, mas é só para os outros...

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Ferrnanda Charrua, um mártir do socratismo pidesco - a não esquecer no momento do voto

O caso Fernando Charrua representa o que de pior teve o regime socratino que agora finda. O terror, a censura, o culto do chefe. Numa conversa privada, Fernando Charrua terá dito que José Sócrates era um filho da puta. Tal qual nos tempos da PIDE, um inominável bufo ouviu o desabafo e foi contar às chefias. O professor foi suspenso de imediato e a sua comissão de serviços terminada. Iniciou-se então um processo disciplinar.
Num país decente, que não num lamaçal como Portugal, a Ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, teria sido demitida de imediato, bem como a directora-geral da DREN, Margarida Moreira, e o respectivo bufo. Num país decente, o Presidente da República concluiria que estava em causa o normal funcionamento das instituições.
Ao invés, o bufo foi promovido, a directora-geral foi reconduzida e a Ministra assobiou para o lado como se nada fosse – o mesmo fizeram o primeiro-ministro e o Presidente da República.
Foi em 2007 – há dois anos apenas. Hoje, na mesma altura em que outros são glorificados por chamarem filho da puta aos adversários, Fernando Charrua é candidato à Junta de Freguesia de Campanhã, no Porto. Para trás, fica um processo kafkiano, do qual nada resultou, porque o castigo, esse, foi imediato e ficou para sempre na sua folha de serviços – fim do destacamento na DREN que durava há muitos anos e processo discipinar.
No momento do voto, convém não esquecer de que massa são feitos determinados tiranetes que governam Portugal.

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domingo, 16 de agosto de 2009

Discurso sobre o filho da puta

João Galamba chamou filho da puta ao João Gonçalves por causa do João Constâncio.
Começa a tornar-se um hábito. O futuro deputado da Nação, quando não gosta do que lê, desata a chamar filho da puta a uma velocidade superior à do Alberto Pimenta. Já me chamou filho da puta a mim, já terá chamado a uns quantos, agora chamou ao João Gonçalves.
Neste ponto, não posso deixar de dar razão a Fernanda Câncio no último «post» que escreveu no «5 Dias» (devo estar confuso, porque agora estou a lê-lo no Jugular numa data em que o mesmo nem sequer existia): «Sempre me fez muita confusão que para chamar um nome a alguém -- no caso, para dizer que alguém não presta -- se optasse por qualificar a respectiva mãe. ora não só me parece de manifesto mau gosto partir do princípio de que uma pessoa é má rês por alguma coisa que a mãe fez ou deixou de fazer, como não me é minimamente óbvio que o trabalho sexual deva ser associado à geração de más índoles. mas o mais curioso de tudo será a espécie de desculpabilização do facínora implícita na designação. como quem diz que o problema não é bem dele, é da mãe.»
Quanto ao futuro deputado João Galamba, será certamente um digno representante da Nação. Ao nível de um Manuel Pinho ou de um Jorge Coelho. É que quem se mete com o PS leva!

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«Odeio os caroços. Só como cerejas quando a minha empregada tira os caroços por mim» (Carolina Patrocínio, mandatária do PS para a Juventude)

Só uma dúvida: como será que a empregada lhe tira os caroços? Com os dentes?

A pérola encontra-se por volta dos 8 minutos.

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As incoerências de Vieira da Silva e de Moita Flores

Vieira da Silva acusou o PSD de política de baixo nível por Aguiar-Branco dizer que o Governo está sob suspeita.
Cuiroso. Ninguém lhe ouviu uma única palavra a propósito da «roubalheira do BPN» que Vital Moreira andou a espalhar em plena campanha para as Europeias.
Moita Flores, por seu turno, diz que não vai votar no PSD nas Eleições Legislativas. Mas nas Autárquicas, duas semanas depois, irá candidatar-se pelo PSD à Câmara Municipal de Santarém. Se não se revê no PSD, por que razão não concorre sozinho? Ah, pois, porque já entregou as listas. Isto é que é azar!

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quarta-feira, 13 de maio de 2009

Post aberto ao «5 Dias»

Caros bloggers do 5 Dias:

Dirijo-me a vós por esta via por o blog não ter endereço de email e por não estarem disponíveis os endereços de cada um dos membros.
Fui membro desse blogue durante alguns meses, em 2008 e 2009. Entrei de minha livre vontade, sem espalhafato, e saí do mesmo modo, sem dramas. Os meus textos ficaram por aí, não tendo sido posteriormente disponibilizados para colocação neste blogue onde agora me encontro porque achei que não havia necessidade. Se os quiser utilizar, sei onde ir procurar.
Decidi, há uns dias, que os meus textos, no 5 Dias, não têm o destaque merecido. Escrevi um email às pessoas que por aí estavam quando fui membro, a saber, o Nuno Ramos de Almeida, o António Figueira, o Luís Rainha e o Zé Nuno. Pedi que fossem mais realçados. Não fui atendido. A minha insistência apenas teve como resposta final o silêncio.
Venho, assim, solicitar, por esta via pouco pessoal e pouco confortável, que o façam. Espero que entendam que não autorizei, não entreguei, não cedi a ninguém, e muito menos a uma entidade chamada “5 Dias” quaisquer direitos sobre os posts que aí publiquei, sobretudo para depois estarem tão escondidos no meio de textos que não interessam a ninguém. Ninguém tem direitos sobre os mesmos a não ser eu próprio. Escrevi-os e publiquei-os eu.
Por muito que possa ser considerada uma minudência, estão a ser pouco divulgados no blogue contra a minha vontade. Retidos. Porque, neste momento não tenho direitos de administração, portanto, não lhes posso aumentar o tipo de letra eu próprio. Não posso pô-los a bold. Peço-vos que o façam. Que alguém o faça. O Nuno Ramos de Almeida recusou.
Espero que o bom-senso prevaleça. E que o que vos peço seja atendido. Eu, por mim, não vou desistir enquanto não vir este meu direito respeitado. Não vou, não. Alguém poderá dizer que é birra ou outra coisa qualquer. Não me importa.

É tudo.

Saudações blogueiras.

Ricardo Santos Pinto / r.

Actualização: Aviso desde já que, como tenho tomates e não me escondo sob as saias da mamã, vou recorrer a vias judiciais para que este meu direito seja cumprido. Corpo 18 e a bold para os meus «posts», já!

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Souls of Fire: Reggae de intervenção



«Eu não quero dizer mal de nenhum sound system / São irmãos nesta luta de mensagem activista / O que eu quero explicar é que alguém ganha por tabela / Promovem uma mentira e anda lucram com ela».

terça-feira, 31 de março de 2009

A derrota de Elisa Ferreira


Pode ser que me engane, mas parece-me que Elisa Ferreira já perdeu a corrida à presidência da Câmara Municipal do Porto.
Por três razões: o corte afectivo na ligação que mantinha com a cidade devido a cinco anos de Parlamento Europeu; o verdadeiro «saco de gatos» que é o PS/Porto; e a boa imagem que, apesar de tudo e vá-se lá saber por quê, Rui Rio mantém entre os eleitores portuenses.
Vamos por partes.

Aventar

A partir de hoje vou Aventar...

quarta-feira, 25 de março de 2009

Bacoradas do dia


1 - Indica o nome do quadro acima representado.
Resposta: Chama-se Maria Fiza.
2 - Refere o nome do estilo artístico adoptado em Portugal durante o Renascimento.
Resposta: Foi o Manuel Lino.

domingo, 22 de março de 2009

Para Ana Matos Pires, um aluno morder um professor é apenas uma brincadeirinha. E se for uma avó?

Do «Correio da Manhã» de ontem:

«Uma professora de Geografia da Escola Secundária Fontes Pereira de Melo, no Porto, foi anteontem agredida "à bofetada e dentada" pela avó de um aluno de 15 anos, que frequenta o 10º ano do curso profissional de Turismo. A docente vai apresentar queixa à polícia amanhã.
A agressão à docente, de 53 anos, foi presenciada por vários alunos e aconteceu mesmo à porta da escola, quando a professora foi surpreendida pela encarregada de educação. A vítima preparava-se para sair num um passeio de estudo ao Palácio de Cristal.
"A senhora começou a berrar e de um momento para o outro agrediu a minha colega. Deu-lhe duas bofetadas e uma dentada", disse ao CM Paulo Teixeira Sousa, professor de Matemática naquela escola.
Segundo aquele docente, o aluno do curso profissional mantém com a professora de Geografia uma relação tensa. Num dos episódios mais graves, terá mesmo "insultado e batido a porta à professora".
Posteriormente, o aluno foi levado à sala de indisciplina e foi-lhe imposta uma sanção: a suspensão por três dias. A encarregada de educação foi chamada à escola para discutir a situação disciplinar do jovem . "Não aceitou o que a directora de turma lhe disse e afirmou que lhe estavam a fazer a cabeça contra o neto", disse Paulo Teixeira Sousa.
Segundo o CM apurou, este foi o primeiro episódio de violência contra professores naquela escola, onde só há registo de pequenas escaramuças entre alunos e que acontecem esporadicamente. »

sexta-feira, 20 de março de 2009

Esta rapaziada é tão brincalhona!

Do «Público» de hoje:

«Dois automóveis pertencentes a dois professores foram incendiados esta manhã no parque de estacionamento da Escola EB 2,3 D. Pedro IV, em Mindelo, Vila do Conde. A GNR confirma o incidente, que lhes foi reportado às 11h30. “Como havia suspeitas de nível criminal e eram necessárias perícias de carácter laboratorial o caso foi encaminhado para a Polícia Judiciária (PJ)”, adiantou o porta-voz da GNR, o tenente-coronel Costa Lima.Os carros, um Mercedes CLK e um classe A da mesma marca, foram, segundo um dos docentes afectados que preferiu manter o anonimato, “regados com um combustível e depois ateados com fogo”. Mas, ninguém terá assistido a este momento. “Só nos apercebemos do que estava a acontecer quando começou o fumo e as chamas”, relata o professor, que dá aulas há cerca de 18 anos. O docente não tem ideia de quem lhe possa ter incendiado o carro, mas assume ter alunos problemáticos e já ter sido vítima de ameaças físicas. “Nada que pensasse que viesse a resultar nisto”, confessa. O carro da outra docente não estava ao pé do seu, garantindo o professor que havia outras viaturas de gama mais alta que não sofreram quaisquer danos. O professor admite que este possa ter sido um acto de vingança, relacionado com a sua única actividade profissional, a docência. O PÚBLICO não consegui falar com a outra professora que, contudo, não partilhava nenhuma turma com o colega. A Escola EB 2,3 D. Pedro IV, em Mindelo, não quis comentar o caso. Contactada pelo PÚBLICO, a Direcção-Regional de Educação do Norte também não esteve disponível para falar. Uma Brigada da PJ está neste momento no estabelecimento de ensino a fazer inquirições, não excluindo qualquer hipótese neste momento. No entanto, um responsável da instituição não deixa de apontar que não é comum em alunos destes (que frequentam no máximo o 9º ano) actos desta gravidade.»

quinta-feira, 19 de março de 2009

O meu Pai

Sei que faz parte da lei da vida um pai morrer antes de um filho. E nem quero imaginar como será um filho morrer antes de um pai. Não quero sequer pensar nisso.
Deve ser por estar toda a semana longe da família, mas ando muito sensível. E hoje, Dia do Pai, já chorei duas vezes: primeiro, ao ler o «post» que a minha mulher me dedicou no blogue da nossa pequenina; a seguir, ao ler o «post» do Jaime Roriz no Parentalidades.
Mesmo sabendo qual é a lei da vida, a dor é a mesma. Felizmente, ainda tenho pai. E este «post» é para ele.
Obrigado por tudo, pai.

Mais uma pueril brincadeirinha de infância

Apesar de ser notícia que já tem alguns dias, vale sempre a pena ler:
«Uma professora foi violentamente agredida com socos e pontapés, ontem de manhã, por uma aluna de 13 anos, na escola EB 2,3 Aires Barbosa, em Esgueira, Aveiro. A professora sofreu ferimentos na face e nas mãos, tendo sido assistida no Hospital de Aveiro, de onde teve alta uma hora depois. A aluna foi suspensa por dez dias.O caso ocorreu às 10h00, quando Áurea Teixeira, professora de Educação Visual e Tecnológica, estava a leccionar a turma do 5º I, constituída apenas por alunos de etnia cigana que têm dificuldades escolares. Os elementos da Escola Segura tomaram conta da ocorrência.Durante a aula, a docente repreendeu a aluna por não ter feito os trabalhos de casa e mandou-a para a sala de estudo. A adolescente recusou e agrediu a professora com vários murros e pontapés. Só a intervenção dos colegas de turma e de alguns funcionários conseguiu acalmar a aluna."Disse-lhe que não queria ir para a sala de estudo, mas ela queria obrigar-me, por isso bati--lhe", contou ao CM a adolescente que reside na Quinta do Simão, uma das zonas mais problemáticas de Aveiro.[...]"(Ana Isabel Fonseca/ Vera Tavares 17 Março 2009 Correio da Manhã)

terça-feira, 17 de março de 2009

Hoje faço anos

Hoje faço anos. 38.
Como sempre neste dia, estou triste. Não sei muito bem por quê, mas penso que serão reminiscências dos meus anos de adolescente. Detesto fazer anos, odeio que me cantem os parabéns e é uma angústia enorme ter de responder aos telefonemas que, inevitavelmente, se vão sucedendo ao longo do dia. Família e amigos não têm culpa das minhas pancas. Felizmente, agora há as mensagens escritas.
Neste ano, no entanto, estou mais triste do que o costume. Desterrado a cem quilómetros de casa, a viver completamente sozinho, desde a partida do meu bom amigo Ben, numa casa enorme, sinto-me mais solitário do que nunca. Pela primeira vez, não estou com aqueles que mais amo, a minha mulher e a minha filhinha, que em 2008 ainda nem sequer era nascida.
Por ser tímido, e de novo por causa da adolescência, dificilmente consigo relacionar-me com pessoas da minha idade. E até seria fácil, porque na minha escola não faltam desterrados. Mas por ser assim, acabo por passar a semana completamente sozinho, sem ter com quem falar a partir das 18 horas. Ironicamente, o blogue que criei para os meus alunos, com o objectivo de servir de complemento às aulas, acaba por servir de escapa a tamanha solidão, através dos comentários que os alunos vão fazendo e aos quais eu respondo.
É engraçado. Na vida real, costumo rezar para que as pessoas não se lembrem do meu aniversário. E hoje, acabo por anunciá-lo ao mundo através deste «post». Se calhar porque sei que ninguém o vai ler.

domingo, 15 de março de 2009

O escaganifobético

Ao ler o «post»do Paulo Pinto do Jugular, acerca do Puto Charila, veio-me à memória uma série de memórias da minha infância. Há anos que não ouvia falar do Puto Charila e as semelhanças são tantas que quase diria que o Paulo Pinto estava a falar da mesma pessoa que eu conheci muito bem.
E se calhar não, porque eu estudei numa enorme escola primária do Porto, não na província. E apesar das parecenças, as recordações que me ficaram do Puto Charila são essencialmente diferentes das do Paulo Pinto. Quando me lembro do Puto Charila, lembro-me de alguém que mudou decisivamente o rumo daquela escola. Lembro-me de alguém muito especial, que só por despeito era criticado por alguns.
Valha a verdade que era um miúdo diferente dos outros. Mesmo sendo recém-chegado, não tinha qualquer problema em assumir-se, em criticar tudo o que estava mal, em apontar o dedo, mesmo aos mais poderosos. De falta de coragem, ninguém podia acusá-lo. Essa sua personalidade levou-o a criar conflitos e inimizades. Mas ao mesmo tempo, criou uma aura de mistério e de curiosidade à sua volta.
Os aplausos chegavam de todas as turmas, mas, por vezes, o pequeno génio era alvo da incompreensão dentro da sua própria turma. Muitos dos colegas não percebiam o seu posicionamento, a forma como muitas vezes defendia toda a turma e se colocava à frente do pelotão. O seu amor à camisola da turma.
Na verdade, só um é que não gostava mesmo dele. Era o Delegado de Turma. Quase nunca falava, nunca se assumia, mas entretinha-se na sombra a fazer intrigas. Alguns admiravam-lhe a sapiência, mas essa admiração partia mais de «ouvir dizer», porque o certo é que ele raramente produzia o que quer que seja que pudesse ser elogiado. A bem dizer, ele raramente dava o seu contributo à turma. Para cúmulo, esse Delegado de Turma passava informações internas às turmas rivais, aproveitando para contar em pormenores cenas passadas com o Puto Charila dentro da turma.
Todos os outros colegas gostavam do Puto Charila, mesmo que por vezes não concordassem com ele. Era o caso de um dos veteranos, que até já tinha dirigido o Jornal da Escola mas que fora demitido sem se perceber muito bem por quê. E era o caso de um outro colega que, quando se sentia atingido, desatava a maltratar quem o tinha atacado. Chegava a ser rude e a insultar forte e feio, mas o Puto Charila gostava muito dele.
Com efeito, só o Delegado não o suportava. E não o suportava porque o Puto Charila era simplesmente o melhor da turma. Algo preguiçoso, por vezes desiquilibrado na forma como realizava os seus deveres, mas excelente em tudo o que fazia. Um pequeno génio. E por não estar disposto a aceitar que pusessem em causa o seu lugar no seio da turma, o Delegado conseguiu pô-lo fora. Ou melhor, fê-lo sentir-se tão mal que ele acabou por sair.
Nos tempos que se seguiram, o Puto Charila ainda foi rondando a sua antiga turma. Não porque quisesse voltar - com aquele Delegado de Turma, nunca! - mas porque ainda gostava realmente dos seus colegas. Do antigo Director do Jornal da Escola; do colega que insultava os outros; de um outro que era muito sensível, uma verdadeira florzinha cheia de amor para dar; de um branquinho que denotava aqui e ali uma certa insegurança, mas que era uma jóia de pessoa; de um outro que era «barra» nos computadores, mesmo que na altura ainda não existisse internet; e de todos os outros.
Gostava muito daquela gente, mas certo dia, chegou à conclusão de que era necessário partir. E partiu. Foi pregar para outra freguesia e, por ali, ninguém mais ouviu falar do Puto Charila. Altos voos o esperavam!
Bem, as memórias são como as cerejas. Umas trazem as outras. De repente, lembrei-me de um rapaz algo estranho que pertencia a uma turma rival da do Puto Charila. Era conhecido pelo nome de Escaganifobético. Nunca soube se esta palavra existe mesmo e se, existindo, se escreve mesmo assim.
A turma a que ele pertencia era realmente má, uma das piores. Seriam umas 50 ou 60 turmas naquela escola e, num engraçado Turmómetro que a Associação de Estudantes organizava semanalmente, a turma do Escaganifobético nunca conseguia entrar no Top-25. Já a turma do Puto Charila, ao invés, estava sempre nos primeiros 15 lugares, embora, com a saída do Puto, a queda no Top se tenha tornado inevitável.
Para dizer a verdade, nem sei por que razão me lembrei do Escaganifobético - alguns colegas diziam Escanifobético. O puto era realmente uma nulidade. Não valia um chavo e só estava naquela escola porque era sempre um fiel seguidor da Delegada de Turma, uma rapariga com muito jeito para escrever e para controlar todos os que a rodeavam. Aquele charme que algumas mulheres conseguem ter, mesmo em piquenas! Pior do que o Escaganifobético, só mesmo um outro colega da turma, a que chamavam o Palonço e que, tal como aquele, fazia o que a chefe mandasse. Desde que lhe pingasse em cima...
O Escaganifobético era o autêntico cão de fila. Fazia o que o mandavam. Geralmente coisas desinteressantes, mas, que Diabo, para alguma coisa havia de servir! Era uma espécie de paquete, o moço dos recados que, no final da tarefa, recebia umas festinhas na nuca. Feliz por ter agradado à Delegada de Turma, abanava o rabo furiosamente. E deitava-se feliz, sonhando com o dia seguinte, em que, mais uma vez, iria ser útil à sua dona.
Soube mais tarde que o Escaganifobético caíu em desgraça junto da Delegada de Turma e que, fruto do seu carácter fraco e traiçoeiro, não conseguiu que mais ninguém o acolhesse. Desapareceu rapidamente e nunca mais ninguém ouviu falar dele. Rastejante, aprendeu a aperfeiçoar o faro e a procurar outro dono que o fizesse sentir-se amado.
O cérebro humano é uma caixinha de supresas. Há mais de vinte anos que não me lembrava do Puto Charila e do Escaganifobético. O «post» do Paulo Pinto relembrou-me essas personagens. Só tenho de lhe agradecer.

sexta-feira, 13 de março de 2009

200 mil em Lisboa



Há dois meses, apelei no «5 Dias» à participação de todos os trabalhadores portugueses na grande manifestação nacional que iria decorrer hoje em Lisboa.
Terão sido mais de 200 mil, segundo os dirigentes da CGTP. Não pude ir, porque as vésperas dos testes e da avaliação do 2.º período não permitiram que eu faltasse. Mas estive de alma e coração com todos aqueles milhares que marcharam na capital em luta pelos seus direitos. Operários, trabalhadores da construção civil, indiferenciados, enfermeiros, professores, enfim - uma mole imensa de gente que já chegou à conclusão, apesar de muita dela ter votado PS em 2005, que esta política de Direita não é a solução para resolver as Quimondas deste país.
Manifestações deste calibre não matam. Não matam, mas moem, disso podem ter a certeza.

O que será que viu nele?









Fotos fictícias

http://aeiou.expresso.pt/menor_viola_homem_de_50_anos=f502626

quinta-feira, 12 de março de 2009

«Hoje fiz um amigo e coisa mais preciosa no mundo não há»

Passei bons momentos naquela casa enorme. Olhar agora para ela, vazia, triste, escura, dá-me vontade de chorar. Custa-me a respirar, tenho de abrir bem a boca e aspirar todo o ar que puder.
Infelizmente, percebi demasiado tarde que tinha feito um amigo.

Vieira da Silva, um Ministro de Esquerda







Do «Diário de Notícias» de anteontem:

«Portugal é o país europeu com maiores incentivos para quem decidir, no futuro, trabalhar mais dois anos. Mas o prémio não compensa a quebra nas pensões. Quem se reformar em 2046, vai receber 71% do último salário líquido, em vez de 91%. É o terceiro maior corte na União Europeia.»

Pois, pois, e Vieira da Silva é o Ministro mais de Esquerda deste Governo...

quarta-feira, 11 de março de 2009

Concurso Nacional de Professores

Aquando do início do consulado da Ministra Maria de Jesus Rodrigues, veio a notícia do concurso de professores por três anos. Terá sido, mas só para alguns. Pois eu, que sou Quadro de Zona de Pedagógica, estive em quatro escolas nesses tais três anos. Só porque a DGRHE proibia a recondução de professores com horário incompleto. Claro que, depois, o mesmíssimo horário era entreguue a um desses professores em espera. E começava uma tão ridícula quanto desnecessária troca de cadeiras.
(Exemplo elucidativo: eu e a minha colega Dália, ambos dos arredores do Porto. Primeiro ano: eu em Tarouca, ela em Cinfães; segundo ano: eu em Souselo, ela em Tarouca; terceiro ano: eu em Cinfães, ela em Souselo!)
Há uns meses, Maria do Céu Rodrigues anunciou que os Quadros de Zona Pedagógica iam ser extintos e que esses professores iriam passar para os Quadros de Agrupamento. Anunciou também que o próximo concurso seria por quatro anos.
Com grande estardalhaço, vieram então os governantes dizer que nunca se tinham aberto tantas vagas para professores como se iriam abrir neste ano e que para os contratados é que ia ser.
Hoje, sabe-se que vão abrir cerca de 20 mil vagas e que, dessas, 2 mil são para contratados. Atendendo a que há 30 mil professores dos Quadros de Zona Pedagógica, isso significa o quê? Bem, 30 mil menos 20 mil, mais 2 mil, 18 mil... é fazer as contas!
Já estou a perceber a história. Mais uma vez, essa da colocação por quatro anos vai ser uma grande treta, pelo menos para mim. Continuarei mais quatro anos com a vida adiada, sem saber como vai ser no ano seguinte. Porque isto de passar a semana inteira longe de casa é uma merda e começa a ser insuportável. Não estou para isto muito mais tempo. Masse calhar vou ter de estar, não é?
Para o futuro, Maria da Glória Rodrigues anuncia já o fim dos concursos e a colocação directa por parte das escolas. É, diz ela, uma forma de lhes dar autonomia.
Autonomia? Quase que me ria...

O saneamento de Vasco M. Barreto

Ao que parece, o blogger Vasco M. Barreto foi saneado do blogue Jugular. O nome dele desapareceu mesmo da lista de autores da servil publicação blogosférica.
Não se esperaria outra coisa. A 19 de Janeiro, atreveu-se a criticar directamente Fernanda Câncio e Miguel Vale de Almeida pelo contentamento destes em relação ao novo discurso de Sócrates sobre o casamento de homossexuais. Escreveu então: «Perdoem-me o paternalismo, mas sendo o Miguel e a Fernanda vozes importantes e experientes nesta luta, não percebo como podem ser ingénuos e mostrar agora tanto entusiasmo público. (...) Eu até percebo a psicologia desta reacção: sendo a fé de ambos nos políticos e nos socialistas tão diminuta, sentiram hoje um tremendo alívio. Sucede que teria sido mais avisado fazerem uma celebração menos pública. Porque, embora eu saiba que não se trata disso, o seu comportamento parece algo submisso. Mais orgulho, sff.» «As coisas que sabes de pura ciência, Vasco.», foi a resposta seca de Fernanda Câncio, devidamente secundada por Maria João Pires.
A partir daqui, o seu destino estava traçado.
Em 28 de Janeiro, atreveu-se a criticar a palhaçada em torno do relatório da OCDE que, afinal, não era da OCDE. «Estamos perante um case study de propaganda do Governo», alvitrou. «Seria conveniente, Vasco, não festejares tanto as confusões que fazes», respondeu Fernanda Câncio na caixa de comentários do «post». «Tens o direito de fazer o que bem entenderes, não desconverses nem te vitimizes.», foi a corajosa resposta do autor.
Na sua análise ao «Prós e Prós» da RTP sobre o casamento de homossexuais, a 17 de Fevereiro, acusou Fernanda Câncio de ter desvalorizado a questão da adopção de crianças por casais homossexuais. E voltou a criticar a posição do PS.
Parece ter sido o último «post» de Vasco M. Barreto no Jugular. Quis saber se ele tinha sido saneado, perguntei directamente ao blogue, mas não obtive resposta. Parece que sim, que foi.

Bacoradas do dia

«A palavra de Deus será anunciada e explicada com mais frequência e maior clareza. Os bispos permanecerão nos seus rebanhos e velarão por ele.» (Bispo Jerónimo Ragazzoni, na última sessão do Concílio de Trento)

« - Ó setor, o que é um Trento?»

« - Ó setor, por que é que eles tinham de ficar no meio dos rebanhos?»

terça-feira, 10 de março de 2009

Os novos pobres do BCP

Não resisto a transcrever mais uma das fantásticas crónicas de Manuel António Pina no «Jornal de Notícias». O único local desse pasquim em que, por estes dias, se consegue respirar com alguma liberdade.

«A crise quando chega toca a todos, e eu já não sei se hei-de ter pena dos milhares de homens e mulheres que, por esse país, fora, todos os dias ficam sem emprego se dos infelizes gestores do BCP que, por iniciativa de alguns accionistas, poderão vir a ter o seu ganha-pão drasticamente reduzido em 50%, ou mesmo a ver extintos os por assim dizer postos de trabalho.
A triste notícia vem no DN: o presidente do Conselho Geral e de Supervisão daquele banco arrisca-se a deixar de cobrar 90 000 euros por cada reunião a que se digna estar presente e passar a receber só 45 000; por sua vez, o vice-presidente, que ganha 290 000 anuais, poderá ter que contentar-se com 145 000; e os nove vogais verão o seu salário de miséria (150 000 euros, fora as alcavalas) reduzido a 25% do do presidente. Ou seja, o BCP prepara-se para gerar 11 novos pobres, atirando ainda para o desemprego com um número indeterminado de membros do seu distinto Conselho Superior. Aconselha a prudência que o Banco Alimentar contra a Fome comece a reforçar os "stocks" de caviar e Veuve Clicquot, pois esta gente está habituada a comer bem.»

Concordando com José Lello e com o «JN» (!!!!!!)

Deve ser das alterações climáticas, mas hoje tenho de concordar com o inenarrável José Lello e com o pasquim abjecto em que o «Jornal de Notícias», servil defensor do Governo, se tornou.
Com efeito, tornou-se insustentável a posição de Manuel Alegre no PS. Ele tem de se decidir. Claro que ninguém é obrigado a seguir a disciplina partidária como um carneiro (e carneiros é coisa que não falta na Bancada Parlamentar do PS). Mas há limites: se não concorda com nada e é contra tudo, então deve sair.
Basta de tacticismos políticos. Manuel Alegre julga-se credível a perorar contra os Partidos políticos e a actuar desta forma? Então, o que continua a fazer no PS? Por que não sai?
Se é a candidatura presidencial que o atormenta, esqueça. Cavaco vai ganhar à primeira volta, como continuará a ganhar qualquer Presidente sofrível, num segundo mandato, com este tipo de regime em que o Presidente manda tanto como a Rainha de Inglaterra.
Depois, é tarde para fazer render o tal milhão de votos. O meu voto é que nem vê-lo. Foi na altura para o Garcia Pereira (0,4%) e agora voltaria a sê-lo.

segunda-feira, 9 de março de 2009

Os adeptos do FC do Porto não pagam a SportTV?

Curioso. O palerma do jornalista que assegura a transmissão, na SportTV, do Setúbal - Nacional da Madeira, só se lembra do antigo árbitro José Pratas por ter fugido aos jogadores do FC do Porto num célebre jogo com o Benfica.
É curioso como a memória de uma pessoa consegue ser selectiva...

A saída do «5 Dias»

Na sexta-feira, abandonei o blogue colectivo «5 Dias», por razões que não vêm aogra para o caso. Adorei a experiência e só lhes desejo a maior sorte do mundo. Que continuem a massacrar, nas audiências, o servil Jugular!
Parece-me que agora vou ter mais tempo para postar por aqui. Apesar da escola e, claro, das minhas actividades paralelas ao ensino.
A propósito, aqui fica a despedida que fiz para o «5 Dias».

Este é o meu «post» de despedida.
A vida tem destas coisas. Ainda ontem ou anteontem, dizia ao Paulo Pinto do Jugular, na caixa de comentários de um «post» do Nuno Ramos de Almeida, que vestira a camisola do «5 Dias», que um blogue colectivo era uma espécie de família e que não previa para breve a minha saída destas bandas.
Afinal, parece que perdi uma boa oportunidade de estar calado. Mordi a língua. Os planos que tinha sairam ao contrário e acabo por sair, hoje, claramente derrotado. Vencido. Quem te manda a ti, carpinteiro, tocar rabecão, ou lá o que é.
Por que saio? Fiquemo-nos pelos «motivos pessoais», que é o que se diz nestas alturas, não é?
Gostei muito desta curta experiência no «5 Dias». Ainda me lembro perfeitamente quando recebi um mail do Luís Rainha a convidar-me, em pleno Jantar de Natal da minha escola. Eu, um simples comentador que nunca tinha pensado chegar a autor de um blogue. Eu, um «slumdog».
Ao longo de pouco mais de dois meses, escrevi dezenas de «posts» e recebi centenas de comentários. Uns agradáveis, outros menos, mas todos importantes. De todos os comentadores, tenho de dirigir uma palavra especial ao Luís Moreira e à De Puta Madre. De todos os «posts», arrependo-me apenas de um, aquele em que me meti de forma estúpida com a Fernanda Câncio a propósito dos despedimentos na Controlinveste. Não fiz por mal, mas foi mau.
Quanto aos outros, orgulho-me de todos. Nos «Momentos de Lucidez» de Mário Soares, disse as verdades que ninguém parece ter coragem de dizer neste pântano em que se transformou Portugal; de Sócrates, disse também tudo o que tinha a dizer; do Freeport, tentei esclarecer o que se passou em dois textos que me deram muito trabalho; com Rui Curado Silva, brinquei, mas parece que só o próprio não levou a mal; hoje mesmo, voltei a brincar com os IP’s e os comentadores, mas parece que também ninguém percebeu.
Aqui chegados, faltam os agradecimentos. Ao Luís Rainha e ao Nuno Ramos de Almeida, por me terem convidado para esta experiência inesquecível que foi o «5 Dias». Já lá está no meu currículo - autor do «5 Dias» em 2008 e 2009. Para um «slumdog», nada mau, ah? Quanto aos outros, um abraço muitíssimo especial aos excelentes Carlos Vidal e Tiago Mota Saraiva, para mim os melhores deste blogue, apesar de alguns exageros (para chocar) do Carlos; um abraço ao Pedro Ferreira, com quem troquei interessantes experiências, e ao João Branco, que tenho pena de não ter conhecido melhor; um beijo de muita amizade ao Paulo Jorge - havemos de nos conhecer, puto!; cumprimentos ao Zé Nuno, sempre pronto a resolver os meus problemas técnicos, e a todos os outros.
Despeço-me da forma que se despediu, emocionado, o jornalista do último telejornal da saudosa NTV: a gente vê-se por aí.

Ricardo Nuno Santos Ferreira Pinto

segunda-feira, 2 de março de 2009

O Ministro SS

O Ministro SS é um trauliteiro. Mais trauliteiro, de resto, do que todos os outros Ministros juntos, à excepção do Primeiro-Ministro.
A sua postura de malhar em todos aqueles que atrevem a fazer oposição ao Governo começa a dar resultados. Então não é que o senhor era o 95.º nome na lista da Comissão Nacional do PS e, num repente, passa para o 10.º lugar?
O homem está imparável. Mais uns malhanços a torto e a direito e o Ministro SS brevemente passará a ser o n.º 2 de José Sócrates. Ou o n.º 4, tanto faz. Dali à Mota-Engil, afinal, basta um pequeno passo. E quem se mete com o Governo leva!
É que todos sabem que a liberdade se deve ao Mário Soares, não é ao Álvaro Cunhal ou ao Mário Nogueira.

domingo, 1 de março de 2009

Não vão em cantigas, rapazes e raparigas!









Carlos Alberto Vidal e Vital Moreira.
Não confundam. Não vão em cantigas, rapazes e raparigas!

sábado, 28 de fevereiro de 2009

Como vão longe os tempos do Comunismo...










«Saudamos a expressão do objectivo socialista assente na apropriação colectiva dos principais meios de produção e no exercício democrático do poder das classes trabalhadoras.
Saudamos a ampla estatuição dos direitos e liberdades, designadamente das garantias pessoais e das liberdades políticas, o fim da distinção entre os filhos, a igualdade entre marido e mulher; os direitos económicos, sociais e culturais, nomeadamente das classes trabalhadoras: o direito ao trabalho, tal como o dever de trabalhar, a consagração do papel da educação na edificação da sociedade democrática e socialista e o objectivo de eliminar a sua função conservadora da divisão social do trabalho, a previsão de discriminações positivas a favor dos filhos dos trabalhadores no acesso à Universidade, a proeminência do ensino público sobre o ensino privado.
Saudamos a firme e ampla consagração do direito à greve, a proibição do lock-out, a liberdade sindical,
a participação dos trabalhadores na reestruturação do aparelho produtivo, o âmbito de poderes das comissões de trabalhadores, o controle operário.
Saudamos a defesa das nacionalizações e da Reforma Agrária, a extinção dos foros, da parceria e da colónia, o respeito pela posse da terra dos pequenos e médios agricultores, a admissão da não indemnização dos grandes capitalistas expropriados, a planificação democrática da economia.
Saudamos ainda o reconhecimento da participação do MFA na organização do poder político, o papel do Conselho da Revolução como garante do cumprimento da Constituição, a missão das forças armadas de, garantir as condições de passagem para uma sociedade democrática e socialista, a intervenção das organizações populares no exercício do poder local, a autonomia local e regional, a defesa da liberdade eleitoral e da acção política dos partidos, o controle da constitucionalidade dos actos do Estado.
Mas não podemos deixar de lamentar a definição pouco clara da base social, económica e política do Estado e das suas várias funções, a ausência de uma perspectiva lúcida e firme de combate à actividades dos reaccionários, fascistas e separatistas, o não se assegurar o devido grau de participação de jornalistas e outros trabalhadores nos órgãos de informação, nem a libertação da informação do controle monopolista e do grande capital.
Lamentamos a não consagração da via escolar única, o desaparecimento dos critérios de indemnização, das nacionalizações, a ausência do objectivo de firme combate ao grande capital, a limitação excessiva do carácter imperativo do Plano, o bloqueio à dinâmica própria das organizações populares de base (como é o caso flagrante em relação às comissões de moradores), o recuo na matéria do julgamento dos responsáveis da PIDE/DGS, etc. Fomos vencidos nesses pontos e ficámos muitas vezes sozinhos na defesa dos interesses das massas populares. A nossa luta não foi vã, contudo. O apoio que recebemos e a unidade que em muitos outros pontos conseguimos estabelecer com outros partidos foram decisivos para fazer da Constituição aquilo que ela tem de positivo.
Por mais equívocas que sejam algumas das formulações da Constituição, ela é no fundamental incompatível com os interesses reaccionários do grande capital e da direita. A Constituição não é favorável à direita, a Constituição não é favorável à reacção. A direita, a reacção, sabem-no bem e já disso deram provas públicas. Conhecendo nós, no entanto, a sua actividade de constante mistificação ideológica e política, não será de surpreender que aqueles mesmos que ainda ontem denunciavam o carácter "dogmático, marxista" e "totalitário" da Constituição venham hoje a reivindicá-la para os seus interesses partidários e identificá-la com o seu programa, no exacto momento em que desde já mistificam o seu conteúdo.»

Intervenção de Vital Moreira na Assembleia da República, acerca do texto constitucional, 3 de Abril de 1976.
Como vão longe os tempos do Comunismo...

Vital Moreira: Um justo prémio








O ex-comunista Vital Moreira acaba de ser o escolhido para cabeça de lista do PS ao Parlamento Europeu.
Não podia haver prémio mais justo. No seu blogue «Causa Nossa» e nas suas diversas intervenções públicas, o constitucionalista tem sido de uma amabilidade ímpar para o Governo e para o primeiro-ministro José Sócrates. Para ele, tudo o que o primeiro-ministro faz, faz bem, e quem o criticar leva.
Diz agora que foi uma surpresa o convite. É de rir. Depois de tudo o que tem escrito e dito, será que o inenarrável Vital esperava outra coisa?
Qme ficou mal foi o inefável Freitas do Amaral. Depois de andar a defender tão afincadamente o primeiro-ministro, agora fazem-lhe esta desfeita?

A mãe do primeiro-ministro. Uma santa!

A mãe do primeiro-ministro é uma santa. Consegue fazer milagres. Nunca trabalhou, mas tem direito a uma pensão mensal superior a 3000 euros, paga pelo Instituto de Gestão Financeira da Segurança Social.
Já a minha sogra, trabalhou quarenta anos numa fábrica e fez sempre os respectivos descontos. Por ter ficado desempregada aos 55 anos e ter entrado na pré-reforma, trouxe para casa uma reforma de pouco mais de 250 euros. Teve azar, não é mãe do primeiro-ministro.
Sou caceteiro, pois sou. Mas estas injustiças irritam-me, o que é que hei-de fazer?

Haja gente com coragem neste pântano em que se transformou Portugal!

















quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Slumdog Millionaire


Gostei do «Slumdog Millionaire». É um filmezinho, embora não tão leve como parece à primeira vista, com uma estoriazinha rebuscada, mas gostei. A companhia ajudou e o cinema também - um daqueles cinemas onde não temos de levar com intervalos, putos irritantes e o massacrante barulho das pipocas.
Quanto ao filme, penso que a India será mais ou menos aquilo. Não só, mas sobretudo. Por isso é que os indianos o criticaram tanto.
Sempre gostei de Danny Boyle. «Trainspotting» foi um dos filmes que mais me marcou e «The Beach» não deixa de ser interessante. No «Slumdog Millionaire», só era escusado um final tão feliz.

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

A propósito de Eluana


Soube do caso pelo blogue «5 Dias».
Para quem, como eu, tem uma filha pequenina, a notícia é emocionante. Tragicamente emocionante. E para quem, como eu, se coloca na posição daquele corajoso pai, só apetece mandar o Vaticano para o caralho. Assim mesmo. Com todas as letras. E por aqui me fico porque os leitores merecem respeito.
Quem é o Vaticano para chamar assassino seja a quem for?

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

E agora, ciganito?


O nosso ciganito deixou-nos num dilema. Acredito que falo em nome de muitos portistas.
Quando o José Mourinho estava no Chelsea, os portistas gostavam do Chelsea e queriam que o Chelsea ganhasse sempre.
Quando saiu, os portistas deixaram de gostar do Chelsea e passaram a querer que perdesse sempre.
Quando entrou o sr. Scolari, os portistas passaram a detestar o Chelsea e a desejar ardentemente que a equipa fosse trucidada, jugulada em todos os jogos que disputasse. Que descesse à II Divisão inglesa e que o treinador fosse despedido o mais rapidamente possível.
E agora o ciganito vai para o Chelsea. Com esta é que não contávamos! Já não bastava estar lá o Deco e outros ex-jogadores do Porto. Mas o nosso ciganito! Que futuro vamos agora desejar para o Chelsea?
Pronto, pronto, não se amofinem. Estou certo de que falo em nome de muitos portistas, mas como não tenho mandato, falo apenas por mim.

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

O sorriso de um bebé

A morte é mesmo uma merda, como dizia no «post» anterior. Mas é a lei da vida. É a lei natural. Vão morrendo os mais velhos, vão crescendo os pequeninos.
E o sorriso de um bebé, quando regressamos a casa no final da semana, compensa todas as tristezas e todos os problemas. O sorriso de um bebé que já nos conhece, que sabe quem somos e que, um dia, correrá para nós e gritará: Papá!
Olá, bebé!

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

A morte é uma merda!

A morte é uma merda. E, no entanto, é o que temos de mais certo. Todos vão morrer um dia. Nós e os outros.
Desde o momento em que temos alguma consciência, vamos, inconscientemente ou não, pensando cada vez mais naquele dia. No dia em que nós, e antes disso os nosso entes queridos, irão desaparecer.
Só que, quando nos parece que esse momento se está a aproximar, não queremos acreditar. É como se nunca tivessemos pensado nisso antes. E sofremos como se tivesse acontecido algo de completamente imprevisto. E começamos desde logo a ter saudades. E choramos por não termos estado mais tempo juntos. Choramos muito.
Que se foda a morte.

sábado, 24 de janeiro de 2009

Novas da neve




No distrito de Viseu, é assim: neva muitas vezes. E quando se vai ou se vem de lá, para a nossa casa de fim-de-semana, as viagens tornam-se muito... diferentes.
Ter o privilégio de ver neve constantemnte não é para qualquer um.
Ai, ai, os professores, esses privilegiados...

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009


Lista de 15 suspeitos da Polícia Judiciária (Departamento de Investigação Criminal de Setúbal), publicada no jornal «O Independente» de 18 de Fevereiro de 2005 (o sublinhado é do próprio jornal) a propósito do caso Freeport de Alcochete.

As lições de civismo do Contra (I)


QUEM ESTACIONA EM CIMA DO PASSEIO É UMA BESTA!

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

O João Silas é fixe!

Num destes dias, conheci o João Silas. Não em pessoa, não ao telefone, mas, como vai sendo cada vez mais comum neste mundo, na blogosfera.
E vi que o João Silas é um puto porreiro. Aluno de uma escola secundária, tem ideias estruturadas e sabe o que quer - coisa que vai sendo rara, infelizmente, entre os alunos portugueses.
O facto de ter um blogue, só por si, já diz algo acerca dele. A visitar.

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

«Jugulai» a senhora ministra!*


Sei que muitos professores nos lêem. Ainda não temos os leitores do «Umbigo», mas lá chegaremos.
É para eles este texto.
Com todo o respeito, chegou a hora de «decapitar» a senhora ministra. «Jugulai-a» de vez! É agora ou nunca. Mesmo que hoje em dia já não seja ministra de nada, que simbolicamente tenha morrido há muito, a carcaça do simbólico cadáver, com o devido respeito, continua por aí. Envergonhada. Escondida. Inexistente. Fantasmagórica. Mas continua por aí.
É preciso, pois, dar a estocada final.
Chega de humilhações públicas. Chega de maus-tratos constantes. Chega de todo um programa que só visou partir a espinha da classe docente.
Não partiu, reforçou-a. Conseguindo transformar pequenas reuniões de professores em mega-manifestações de 25 mil pessoas. De 100 mil. De 120 mil. Conseguindo adesões de 90% a greves habitualmente pouco concorridas. Conseguindo unir uma classe tradicionalmente pouco activa.
Afinal, o que é que está em questão? Sinceramente, já não interessa. Foram anos a ouvir que «quando se dá uma bolacha a um rato, ele a seguir quer um copo de leite!» (Jorge Pedreira, Auditório da Estalagem do Sado, 16/11/2008); que «vocês [deputados do PS] estão a dar ouvidos a esses professorzecos» (Valter Lemos, Assembleia da República, 24/01/2008); que «caso haja grande número de professores a abandonar o ensino, sempre se poderiam recrutar novos no Brasil» (Jorge Pedreira, Novembro/2008); que “admito que perdi os professores, mas ganhei a opinião pública” (Maria de Lurdes Rodrigues, Junho/2006); que
«[os professores são] arruaceiros, covardes, são como o esparguete (depois de esticados, partem), só são valentes quando estão em grupo!» (Margarida Moreira - DREN, Viana do Castelo, 28/11/2008).
No que me diz respeito, estou completamente à vontade. Na blogosfera em geral, no meu blogue e no «5 Dias», já disse o que tinha a dizer sobre a senhora ministra, já fiz as críticas e já propus as alternativas. Percebo mais destas coisas do que a senhora ministra, que, à excepção dos anos em que fez o Curso do Magistério para poder ser professora primária com o 9.º ano, nunca entrou numa sala de aulas. Nunca teve trinta miúdos problemáticos à sua frente. Nunca se viu entregue à sua própria sorte. Nunca foi insultada olhos nos olhos.
A senhora ministra não aguentava uma semana.
Por isso é que digo que, chegados a este ponto, nada interessa. Mil propostas pode a senhora ministra fazer e mil propostas os professores recusarão. Pode a senhora ministra cobrir-se de ouro que os professores irão ver não mais do que latão.
É a guerra. A guerra total. E, por mais que digam, não há maneira de salvar a face das duas partes. Não há. Ou os professores ou a senhora ministra.
Quanto aos professores, nada têm a perder. Após uma campanha de intoxicação da opinião pública de quatro longos anos, os portugueses continuam a confiar muito mais nos professores (42%) do que nos políticos (7%). E os alunos confiam nos seus professores. É o que interessa. Podem ameaçar com processos disciplinares e com tudo o que quiserem - todos sabem que a lei nada prevê para quem não entregar os objectivos individuais.
Mas se os professores não têm nada a perder, já os senhores da governação estão aflitos. Há eleições daqui a cinco meses e aquela gente, que nunca fez mais nada na vida, não sabe viver sem o poder. Adoece. Definha. Morre.
O exemplo vem de cima e a melhor escola pública do país, a Infanta D. Maria, de Coimbra, voltou a reunir e voltou a decidir que o processo de avaliação vai continuar suspenso. As 458 escolas e agrupamentos que já tinham decidido a suspensão da avaliação irão certamente reafirmar a sua posição. Irão certamente manter a suspensão.
E no Sábado, na reunião dos Presidentes dos Conselhos Executivos, estou em crer que vai sair uma nova posição de força. De muita força. A demissão em bloco se necessário for. E os professores, acredito, sairão em socorro dos seus Presidentes.
Chegou a altura de acabar com isto de uma vez por todas. Antes que os alunos saiam prejudicados. Antes que isto se torne completamente ingovernável.
Os próximos dez dias serão decisivos. Os professores vencerão se não se amedrontarem. Se continuarem unidos. «Há momentos em que a única solução é desobedecer», disse em Abril de 74 aquele que nunca quis cargos. Nem poder. Nem dinheiro. E que pagou por isso. Sigam o seu exemplo.

* Texto publicado originalmente em www.5dias.net

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Manifesto contra os TPC's


Regressei na segunda-feira ao trabalho, após uma saborosa licença de paternidade de quase três meses.
E como no ano passado estive nas «Novas Oportunidades» e, aí, o trabalho é totalmente diferente (sobretudo de acompanhamento dos aprendentes - pois, é assim que os alunos são chamados), já não me lembrava do verdadeiro disparate em que está transformado hoje o ensino básico.
Tenho, entre várias turmas do Secundário e de Cursos Profissionais, três turmas do 8.º Ano. Quando olhei para o horário deles, fiquei espantado. Têm mais de 35 horas de aulas por semana. 35!!! Trabalham mais do que a maior parte das pessoas, porque depois, fora da escola, ainda têm de fazer os trabalhos para casa e de estudar no dia-a-dia e, sobretudo, na véspera dos testes.
A panóplia de disciplinas, por sua vez, é quase interminável: Português, Inglês, Francês ou Espanhol, História, Geografia, Matemática, Ciências Naturais, Físico-Química, Educação Tecnológica, Artes Plásticas, Educação Visual, Educação Física, Estudo Acompanhado, Área de Projecto, Educação para a Cidadania e Educação Moral e Religiosa Católica (ufa!). 16 disciplinas, 16 professores.
São miúdos com 13 anos, porra! Estão na idade de viver um pouco que seja, não de estarem enfiados dentro de uma sala de aula quase oito horas por dia. Para socializar, têm os intervalos e a hora de almoço, já que nem com as faltas dos professores podem contar (curvo-me respeitosamente perante essa excelente invenção, no fundo com mais de 10 anos, que foi a das aulas de substituição). Não lhes chega tanta socialização?
Nas escolas de província, como é a minha neste ano, o mais normal é esses alunos terem de se levantar antes das sete da manhã e chegarem a casa quase às oito da noite. É jantar e dormir - pouco mais.
E o que é que eu faço quando apanho uma turma de 28 alunos às 17 horas, uma única vez por semana, sabendo eu que eles já estão dentro de uma sala desde as 8.30 da manhã e que, pelos seus olhos, já passaram inúmeros professores, cada um com as suas matérias, as suas exigências e as suas manias?
Tudo isto para dizer que me recuso a marcar trabalhos para casa, os célebres TPC’s. Aproveito as aulas ao máximo, da maneira que sei, tentando sempre abrir-lhes os olhos para o mundo que os rodeia (para mim, é o mais importante). Que cheguem a casa e que descansem, que brinquem, que vejam televisão. Estão na idade disso! Já bastam os testes para terem de se preocupar.
Os meus alunos, a primeira coisa que me perguntaram foi de onde eu era. A segunda foi se, sendo do Porto, era portista. A terceira foi quando é que iam ser os testes.
Não marco TPC’s e pronto. Assim como assim, no fim do ano o Ministério quase que nos obriga a passar todos os alunos, por isso, se era para ser um indicador do aproveitamento e do esforço do aluno, vai dar ao mesmo.
Tenho pensado muitas vezes no projecto educativo da Escola da Ponte, na Vila das Aves. É único no país. Ali, respeita-se o ritmo de cada aluno. Não há propriamente disciplinas nem aulas, não há testes, o Conselho de Pais/Encarregados de Educação é o órgão de legitimação do Projecto e é ele que tem de resolver os problemas que não são passíveis de ser resolvidos dentro da escola. Voltarei ao assunto.

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Da Rússia, com amor


A democracia russa, todos o sabemos, é musculada. Estará mais perto de uma ditadura do que de uma democracia. Que o digam a jornalista Anna Politkovskaya ou o agente Alexandre Litvinenko , mortos a soldo do regime.
Desta vez, a vítmia foi o jornalista Roman Dobrokhotov. O supremo pecado do jornalista foi interromper o Presidente Medvedev quando este falava na televisão durante as comemorações do 15.º aniversário da Constituição. «Redução de quadros», foi a versão oficial para o despedimento.
Desta vez, Medvedev escapou ao ataque com um sapato. Tal tratamento é aplicado, por agora, lá mais para Oriente.

sábado, 3 de janeiro de 2009

Os ex-gestores da Gebalis comem pouco


Não percebo por que razão os ex-gestores da Gebalis estão a ser tão criticados. Diz-se que usaram o cartão de crédito da empresa para almoçar e jantar em restaurantes de luxo por esse mundo fora.
Ora, como toda a gente sabe, nos restaurantes de luxo come-se muito pouco. Aquilo é só para encher a vista. Pratos muito bonitos e quase nada lá dentro. Quanta fome devem ter passado aqueles santos senhores!
Agora a sério: por que razão é que essas pessoas tinham cartão de crédito da empresa? E por que razão é que há empresas privadas, com tantos vereadores e funcionários municipais?
Para que a vergonha não passe impune, eis os seus nomes: Francisco Ribeiro, Mário Peças e Clara Costa. Não têm vergonha?

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

Menor assiduidade

Já terão reparado os meus leitores que, nos últimos dias, a assiduidade na actualização do blogue tem sido menor do que habitualmente.
Para os mais atentos, aqueles que não vieram aqui ter por acaso, a falta de assiduidade tem a ver com o facto de ter sido convidado para escrever noutro blogue, o «5 Dias», o quarto nas audiências no que diz respeito aos blogues de actualidades.
Compreenderão que, por agora, poste menos por aqui. Mas as injustiças, essas, comigo não passarão.
Seja onde for, aí estarei eu na linha da frente. Nesta minha casa ou na outra. Sempre.

terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Um coração bom


Do «JN» de ontem:

«Como podia eu, com um coração tão vasto que, como canta Jacques Brel, só se consegue ver metade dele, deixar de acreditar no que me garantia há meses, olhos nos olhos, o primeiro-ministro, que "ninguém que esteja com o coração limpo, com o coração aberto, pode concluir que esta proposta do Governo de Código do Trabalho não se destina a combater a precariedade e a defender os trabalhadores"?

Foi, por isso, um tremendo choque para o meu pobre, "limpo" e "aberto" coração ficar a saber pelo Tribunal Constitucional que o alargamento de 90 para 180 dias do período experimental afinal "dificulta o acesso […] à segurança no emprego". A agitação que vai no meu coração, com aurículas e ventrículos recriminando-se mutuamente e a tricúspide mergulhada em profunda crise de confiança nas instituições! De tal modo que, quando quis convencer o coração de que, como o primeiro-ministro garante agora, "a avaliação dos professores é indispensável para a melhoria do sistema educativo em Portugal nos próximos anos", o coração, outrora crédulo, me fez - imagine-se! - um manguito. Ou talvez não tenha sido a mim.»

Manuel António Pina

sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

O que ela faz aqui fumando? (no seguimento do «post» anterior)

Com este «post», acabam-se as minhas tréguas natalícias. Bem-vindos à realidade!

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Um belo conto de Natal na noite mais bela do ano


S. José - O filofax

«1 de Março
Hoje comprei um martelo de duas pontas e uma esposa. Não sei nada para que servem as duas pontas, mas é alemão.

11 de Março
Há muitos judeus na rua. A Maria demorou-se imenso tempo no mercado. Voltou ofegante e contou uma história complicadíssima de incidentes entre as varinas e os romanos. O preço da madeira está a subir. Onde é que isto vai parar?

20 de Março
Tudo voltou à normalidade. Maria foi buscar água, mas depois em vez de água, trouxe um líquido preto, que suja tudo e que ela diz que é inflamável, que parece que os sumérios estão cehios dele, que ainda vai valer uma fortuna... Às vezes pergunto-me se não terá um parafuso a menos. O que faz sentido... ai os parafusos ainda não foram inventados.

1 de Abril
A Maria contou-me uma coisa que não percebo nada. Mete um pombo, u anjo, um tal de Gabriel, uma tal de Isabel, um tal de Espírito Santo... Não percebi. Só sei é que vou ser pai.

2 de Abril
Toda a gente da aldeia me felicita. Nunca pensei que gostassem tanto de mim. Cada vez que entro num café todo o mundo se atira ao chão de riso. Que gente boa!

(...)

28 de Maio
A Maria voltou. Está mais gordinha. Volto de novo aquela história do pombo e do anjo. Continuo a não perceber nada.

16 de Junho
Já percebi. Parece que afinal nem eu sou pai nem ela está grávida. A notícia abalou-me tanto que fiquei a martelar até tarde.

27 de Junho
Afinal não tinha percebido. O que é que se passa é que ela está grávida mas continua virgem. Eu sou o pai, mas não sou o pai biológico. Agora cada vez que vou ao café, perguntam-me se quero um whisky biológico ou legal. São uns brincalhões, estes nazarenos. É o humor judeu!

(...)

21 de Agosto
A Maria e eu estivemos a fazer planos para o futuro do nosso filho. A Maria quer que seja um Messias. Eu preferia que fosse carpinteiro. Acabámos a discutir.

11 de Setembro
Fizemos as pazes. Rimos da estupidez da nossa discussão. Pois se, navolta, ainda nos sai uma filha...

28 de Setembro
Se for uma filha, a Maria quer que seja qualquer coisa menos virgem como ela. Eu preferia que fosse carpinteira. Acabámos a discutir.

(...)

19 de Outubro
As minhas preces foram atendidas. Contratei um aprendiz, e não tenho mãos a medir. Passamos os dois de manhã à noite a dar marteladas na oficina. Maria não se importa.

25 de Outubro
Maria está contente com a perspectiva do nascimento da criança. Tenho de falar com esse tal de Gabriel Espírito Santo para ver se chegamos a acordo. Quero que Maria tenha muitos filhos. Espero que ele faça um preço razoável.

11 de Novembro
O meu aprendiz é o máximo. Eu aos 15 anos não tinha nem metade da escola dele. Só não gosto quando se põe a falar mal da Maria. Eu não acho que ela seja «uma grande mentirosa». Tem muita imaginação, é tudo. Demos marteladas até tarde.

(...)

1 de Dezembro
Despedi o meu aprendiz. Tinha de ser, a Maria ameaçou fazer escândalo. Nem o argumento de que assim não ia chegar para as encomendas a comoveu.

24 de Dezembro
O Meridien, o Hilton e o Sheraton estão cheios. Ainda bem, assim poupamos uns sestércios. Eu sei que é um bocado semítico da minha parte, mas é mais forte do que eu. Felizmente a Maria gosta de animais, porque vamos ter que passar a noite numa manjedoura.

25 de Dezembro
Nasceu a criança, mesmo no feriado, tem graça. Espero que os funcionários da repartição não tenham feito ponte, senão vamos ter de ficar até Janeiro.

31 de Dezembro
Sacanas! E não é que fizeram mesmo ponte? Estes belenenses só crucificados... O que me consola ainda é a criança. Com a auréola que tem à volta da cabeça, vamos popuar imenso em electricidade. Que importa que nao seja minha?»

Carlos Quevedo e Rui Zink, in «Outros Belos Contos de Natal», Ediraia, 2004.

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Uma casa na pradaria

Agora que só faltam dois dias para a noite de Natal, sinto-me como se tivesse visto cem episódios de «Uma Casa na Pradaria». O meu coração transborda de amor, amizade e paz de espírito.
Faltam só dois dias. Felizmente! Que isto de ter o coração cheio de amor, amizade e paz de espírito já começa a enjoar. Ninguém aguenta tanto.
Anseio por poder voltar a malhar nas injustiças que correm por aí. Não posso porque, como não sou político, cumpro as minhas promessas (ops!).
Enquanto esse momento não chega, fica uma música que me diz muito, por razões pessoais, que se prendem com o nascimento da minha filha. E um filme publicitário - versão de realizador - de uma grande amiga, com quem tenho partilhado bons e maus momentos ao longo dos anos.
Para ver ou rever.

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Música para os meus leitores

Estou embuído do espírito natalício. Até ao Natal, não vou dizer mal de nada nem de ninguém. Vai ser só coisas bonitas, como dizia o outro, que isto aqui não é só acidez.
A primeira coisa bonita é este vídeo. Se a música é por demais conhecida - uma extraordinária canção de amor e de amizade, o vídeo não o é. Filmado num local lindíssimo de Lisboa, o Museu da Água, vai fazendo desfilar uma série de figuras que, no fundo, nos têm acompanhado ao longo de toda a vida. Jorge Palma e todos os outros.
Ou o valor da amizade vertido em filme. Lindo, muito lindo!

domingo, 21 de dezembro de 2008

Cabeças de azeitona



«Com toda esta burocracia, o Governo está a estragar aquilo que poderia ser uma reforma interessante, porque em vez de colocar à frente dos agrupamentos de saúde cabeças pensantes, colocam lá cabeças de azeitona».

O autor da inspiradíssima frase foi Carlos Miranda, um deputado do PSD. Referia-se assim à nomeação de 74 «boys» para os Agrupamentos dos Centros de Saúde. Esses «boys» irão ser os directores executivos dos ACES, estruturas que vão passar a coordenar as redes locais de cuidados de saúde primários.
Nada de novo. Sabendo-se que em breve vão também ser nomeados directores para os Agrupamentos de escolas, a escassos meses das eleições legislativas.
Mais «boys», mais negociatas. Mais do mesmo. Sejam cabeças de azeitona, sejam cabeças de outra coisa qualquer.
E eu que nem gosto nada de azeitonas...

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

E assim o Presidente da República foi reduzido à sua verdadeira insignificância


A Assembleia da República acaba de aprovar novamente o Estatuto dos Açores. Exactamente igual à versão que tinha sido aprovada anteriormente e que o Presidente da República vetou duas vezes.
Para o primeiro-ministro e para o PS, é como se tivesse sido um cão a ladrar. Ou como Sócrates reduziu Cavaco à sua verdadeira insignificância.
Sabendo-se, como se sabe, que Cavaco é mais esperto a dormir do que Sócrates acordado, aguardam-se as cenas dos próximos capítulos.


Publicado por Ricardo Santos Pinto

Natal: Prendas impossíveis. Ou um «post» que poderia chamar-se «Momentos de lucidez» (III)


Pois, é uma prenda impossível para este Natal.
Vá-se lá saber porquê, desde que o livro foi publicado e rapidamente esgotou - 30 mil vendas só no primeiro dia - nunca mais foi reeditado. Apesar dos vários pedidos que, ao longo dos anos, têm sido feitos, a D. Quixote continua a não encarar essa possibilidade, que, diga-se, seria um sucesso garantido.
Eu próprio contactei a editora para saber da possibilidade de o livro ser reeditado, mas a resposta, assinada por Anabela Oliveira, do Apoio a Clientes, foi esclarecedora:
«Exmo Senhor,
Vimos pelo meio informar de que o livro "Contos Proibidos" se encontra esgotado e não temos de momento previsão de reedição.
Grata pela atenção dispensada
Com os melhores cumprimentos»
Se calhar, até se percebe por que razão não voltou a ser publicado. Como dizia o editor, Nelson de Matos, ao «Expresso», em Novembro de 2004, «foi o [livro] mais atrevido. Vendeu trinta mil exemplares no dia do seu lançamento. Teve todas as coberturas - não houve nem jornal, nem rádio, nem canal de televisão que não ocupasse uma grande parte do seu tempo com este livro. Foi um livro que me causou bastantes dificuldades pessoais.
- Pressões? Ameaças?
- Não digo pressões nem ameaças, mas mal-estares, comentários negativos. Algumas pessoas manifestaram o seu desgosto por eu ter tomado a decisão de o publicar. A todos expliquei que o livro existia, tratava uma questão importante, tinha revelações importantes e procurava ser sério ao ponto de as provar. Desse ponto de vista, achei que o livro merecia ser discutido na sociedade - e a sociedade que o recuse, o queime ou faça o que entender. Ou seja: eu não sou um censor!»

Pois, já que não há prenda para dar no Natal, teremos de nos contentar com a sua versão em PDF.
Para quem quiser ler: http://ferrao.org/documentos/Livro_Contos_Proibidos.pdf


Publicado por Ricardo Santos Pinto

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Frase escolhida do «post» anterior

«Senhor professor, é mesmo assim? Que horror. Os professores já sabem, para quê avaliá-los mais, e obrigar a reestudar o que já é sabido nos seus tempos para a família, preparação de aulas e merecido descanso». (Maria de Lurdes Rodrigues)


Publicado por Ricardo Santos Pinto

Carta aberta à Ministra da Educação (por Raul Iturra, professor do ISCTE)



SENHORA MINISTRA DA EDUCAÇÃO: COM RESPEITO, MAS COM FIRMEZA

«Minha querida Maria de Lurdes Rodrigues,

Ainda lembro esses dias em que foi minha discente em Antropologia. Bem sei que é Socióloga e que entende da interacção entre os membros de uma mesma cultura, ou, pelo menos, isso foi o que eu ensinei a si e aos seus colegas nos anos 90 do Século passado, nesses dias em que o meu português tinha esse sotaque que aparece nas cinco línguas que estou obrigado a falar e que a Maria de Lurdes muito bem entendia e ajudava a corrigir para eu aprender mais.

Ainda lembro a alegria das nossas conversas extracurriculares, no corredor do nosso ISCTE ou no meu Gabinete, ao me referir à sua dedicação adequada e conveniente, para o estudo das suas outras matérias. Mais ainda, os comentários, do meu grupo de colaboradores de Cátedra que comigo ensinavam, hoje todos doutores como a Maria de Lurdes, e os comentários dos meus colegas Sociólogos em outra matérias. Especialmente, os do meu grande amigo João Freire, que orientou a sua tese.

Se bem me recordo, connosco teve um alto valor como resultado dos seus estudos. Se bem me recordo, era do curso da noite no meu Departamento e na nossa Licenciatura. Por outras palavras, estudava, trabalhava para ganhar a vida e tomar conta da sua família. Por outras palavras também, era uma estudante trabalhadora e uma Senhora devota e dedicada ao lar, como muitos dos seus colegas masculinos e femininos.

A minha querida Maria de Lurdes aprendeu comigo e outros da minha Cátedra, de que o tempo era curto, temido e não dava para tudo. Reuniões, falta de livros na Biblioteca para estudar e investigar, o difícil que era entender a, por mim denominada, mente cultural dos estudantes e a dos seus pais, o inenarrável suplício de saber o que pensavam e os parâmetros que orientavam essas mentes.

Não esqueço as suas queixas sobre os pedidos do Ministério da Educação que pesavam uma tonelada ideológica e estrutural, na organização dos trabalhos dos docentes primários e secundários, que nem tempo tinham para entender a mente cultural dos seus discípulos ao serem mudados todos os anos para outras escolas.

O nosso convívio era aberto e directo. Estou feliz por isso. Aliás, feliz, porque pensava em silêncio: "cá temos uma futura grande educadora". Apenas que, enveredou para a engenharia da interacção social, ao estudar com o meu querido amigo João Freire. E o problema nasceu.

Os professores primários e secundários devem preparar as sua lições, como Maria de Lurdes sabe, especialmente os do ensino especial ou inclusivo, que trata de estudantes com problemas de aprendizagem e precisam trabalhar desde as 8 da manhã até por vezes às 9 da noite. Esse ensino inclusivo de João de Deus, da Subsecretária de Estado, Ana Maria Toscano de Bénard da Costa, da sua colega no saber e no posicionamento partidário do Ministério da Educação, a minha grande amiga Ana Benavente, ou do meu outro grande amigo, o seu colega ideológico e no cargo de Ministro da Educação em 2000, Augusto Santos Silva, que nos foi "roubado" ao passar para a vida política.

Lembro-me, ainda, como simpatizava com a minha luta de Socialista de Allende, por outras palavras, Socialista orientado pelas ideias históricas de Marx, tal e qual Durkheim e Mauss, mencheviques, colaboradores de Lenin para derrubar o regime injusto e arbitrário dos Romanoff, como demostro no meu livro de 2007, da Afrontamento: A Dádiva, essa grande mentira social, do qual lhe enviarei uma cópia, escrito calmamente, para comentar o que comentava consigo como minha discente, os atropelos dos Czares serem semelhantes ao do ditador do Chile, quem entregara as escolas às juntas de freguesia, denominadas municípios, e obrigava a relatórios semanais para controlar a docência do Chile e assim obter o prometido: "nem uma folha mexe no Chile sem o meu consentimento".

Ainda lembro os seus comentários horrorizados: "Senhor professor, é mesmo assim? Que horror. Os professores já sabem, para quê avaliá-los mais, e obrigar a reestudar o que já é sabido nos seus tempos para a família, preparação de aulas e merecido descanso".

A Maria de Lurdes esqueceu acrescentar, nessas as nossas conversas, que os docentes eram avaliados pela educação que recebiam os seus filhos. Mas, como boa engenheira da sociedade, entendia que os sindicatos deviam protestar quando o poder ultrapassa o afazer, já imenso e pesado, dos docentes, especialmente, do ensino especial e inclusivo, e os de classe social.

Maria de Lurdes, tenho estado interessado, como etnopsicólogo, nas recentes notícias sobre a Educação em Portugal. Foi preciso adiar a entrega de teses dos meus mestrantes, para não cair na armadilha de uma especial ditadura, pura e dura, como no Chile de Pinochet. De certeza, deve haver um engano em certos sítios.

Maria de Lurdes, se a pessoa Ministro da Educação sabe que é preciso entender essa mente cultural de estudantes e os seus pais, sabe também como um dado adquirido, que esse facto acontece apenas pela necessidade de se prepararem os docentes para ensinar.

Como educador, conheço bem essa preparação, tal e qual a Engenheira Social, especialidade que a louva, sabe que já está tudo preparado faz tempo, para a divisão do trabalho, sem acrescentar mais deveres aos docentes primários e secundários, que vivem em sessões que atrasam e arrasam a sua preparação de lições, hostiliza os sindicatos e, além do mais, importamos desde o Chile esse modelo puro e duro já referido, da morta ditadura. Ou, reabilitamos a nossa em Portugal e tiramos os cravos das espingardas do 25 de Abril.

Com carinho, com respeito, mas com firme persistência, do seu velho Professor, a se restabelecer de uma doença que mata rapidamente, especialmente se não falamos pelos nossos.

Os meus parabéns. Foi-nos roubada, como Presidenta do nosso ictesiano Conselho Científico, para entrarmos todos em sarilhos muito disputados, que causam esta conversa nossa de corredor, desta vez, em formato de papel, uma carta para si, escrita com carinho, mas com firmeza em prol dos professores portugueses.
Abraço querido e, como era habitual, um beijinho para si!, do seu recuperado velho professor.»

Raul Iturra


Publicado por Ricardo Santos Pinto

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Semana de 65 horas: Não aprendem nada com os gregos?


Em Junho, o Conselho Europeu aprovou um diploma que abria a possibilidade à semana laboral de 65 horas. Um diploma que, de resto, o Parlamento Europeu acaba de chumbar.
Fazendo jus à sua matriz socialista, o Governo português... absteve-se.
Não votando contra, acabou por caucionar mais uma medida atentatória dos direitos dos trabalhadores europeus. Uma medida que, a ser concretizada, iria aumentar em muito o desemprego, quando é precisamente esse - porque ameaçador da paz social - um dos principais problemas do «velho continente».
Não aprendem nada com o que se está a passar na Grécia?
Para além das 65 horas semanais, o diploma previa ainda que o período inactivo do tempo de permanência não era considerado tempo de trabalho. Algo que o Executivo nacional, pelos vistos, não achava mal.
E essa votação do Governo português - mais uma que confirma a sua ideologia - fica registada para a história, mesmo que Vieira da Silva, com toda a «lata» que um político sabe ter, venha agora dizer que o Governo português não votou a favor.
Pois não, mas também não votou contra!


Publicado por Ricardo Santos Pinto

Magalhães, uma «estória» com futuro...



Do jornal «Metro» de segunda-feira:

«AFINAL NETBOOKS NÃO SÃO O FUTURO: INTEL VAI REPENSAR A SUA ESTRATÉGIA PARA OS COMPUTADORES PORTÁTEIS
Um computador portátil, leve, eficiente e barato e ligado à Internet "só é giro por uma hora". (...) A tendência das tecnologias cada vez mais portáteis parecia ser o rumo a seguir, mas a Intel, uma das empresas mais influentes no desenvolvimento do mercado de computadores, acha que o futuro não passa pelos netbooks e vai repensar a sua estratégia. (...)
"Se alguma vez usaram um netbook com um ecrã de dez polegadas, já sabem: é giro por uma hora. Não é algo que vão querer usar o dia inteiro", acrescentou [Stu Pann, vice-presidente para Vendas e Marketing da Intel].
Também a AMD, concorrente da Intel no mercado dos microprocessadores, decidiu ignorar o fenómeno dos Netbooks, que têm, segundo declarações da empresa ao site CNet, provocado insatisfação por parte dos consumidores, revelada no alto índice de devoluções.»

Logo agora, que os assessores do primeiro-ministro se estavam a adaptar tão bem ao Magalhães...


Publicado por Ricardo Santos Pinto

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

«You wonna earn monie? Awel, then you fuck»



«Matrioshki» - ou «Matroesjka's» em holandês - é uma série belga produzida na região da Flandres. Retrata uma rede de prostituição liderada pelo mafioso Ray van Mechelen (entretanto assassinado) e constituída por raparigas recrutadas no leste da Europa e na Ásia.
Escravas sexuais, sabendo ou não o que as espera, o destino delas é sempre o mesmo. Quando chegam à Bélgica, são-lhes retirados os documentos e passam a ser alvo de violência física e psicológica. Estão num país que não conhecem e cuja língua não dominam. Muitas delas, de resto, nem Inglês falam.
O tráfico humano, aqui retratado de forma crua, realista e muito violenta. Muito longe dos habituais estereótipos das séries norte-americanas. Todas as quartas-feiras, na Fox Crime.
E quantas vezes, nas nossas cidades, não passaremos por mulheres nesta situação?


Publicado por Ricardo Santos Pinto

O senhor jornalista da RTP não sabe o que está combinado?


Um episódio esclarecedor que não vi minimamente explorado na imprensa ou na blogosfera.
Na última sexta-feira, estiveram as Ministras da Saúde e da Educação, no Centro Nacional de Cultura, a apresentar um novo programa de combate à SIDA nas escolas. A protagonista era Ana Jorge, mas, aproveitando a presença de Maria de Lurdes Rodrigues, um jornalista atreveu-se a fazer-lhe uma pergunta.
Resposta pronta e agressiva de Ana Jorge:

«O quê? O senhor não sabe o que está combinado? Que hoje só se pode fazer perguntas sobre esta cerimónia e sobre o plano de combate à sida nas escolas? Ainda por cima é a RTP, a televisão pública, a fazer uma coisa destas. E, depois, logo à noite, não sai a reportagem.»

O senhor jornalista da RTP não sabe o que está combinado? Mas o que é que estava combinado? E por que é que estava combinado? E com quem é que fora combinado? E com que direito é que fora combinado?
Um episódio elucidativo, ou a forma muito peculiar como este Governo vê a liberdade de imprensa. Se ainda fosse de uma privada, mas da RTP?? Da RTP???


Publicado por Ricardo Santos Pinto